De
casa até a escola, ou da escola até em casa.
Eu não tenho muito bem uma ideia de como fazer essas crônicas ainda, nem seus temas, mas como aqui me veio um tema...
Estava dentro do ônibus que pego de ida para a escola, com minha colega (Thaís), quando nós percebemos uma reclamação que uma senhora estava fazendo em voz alta com uma mulher que estava passando pela catraca.
Bem,
como esses materiais para as crônicas que ocorrem na ida e vinda de ônibus não
ficam guardados muito bem em nossa memória (na sua não sei se você iria
guardar, mas eu não iria me lembrar desse “material”), eu decidi anotar num
caderno pequeno que eu havia pegado em casa.
A
senhora estava reclamando sobre pessoas usarem o assento preferencial sem ser
uma pessoa necessitada disso.
Logo que
ela começa a falar eu começo a anotar suas falas.
- Ei,
moça! – senhora de cabelo roxo, óculos escuros, uma bolsa azul, um shorts
florido com cores claras, um tênis bege, e uma blusa azul e rosa, com
borboletas.
- Este
senhor aí, ele não é velho, ele é novo, olha! Por que ele está sentado no
assento preferencial??!!! – disse a senhora do cabelo roxo que estava
revoltada.
-
Senhora, este moço é cego... – conta a moça de vestido verde claro estampado
com pequenos passarinhos brancos, brincos grandes e verdes também; ela usava
uma bolsa preta, estava com maquiagem e tinha cabelos grisalhos, tentando
acalmar a senhora ainda revoltada (detalhe, a Thaís me ajudou a reparar em
todos esses detalhes).
As duas
mulheres ali discutindo e eu ali anotando tudo que elas falavam, enquanto a
Thaís as descrevia para eu ir anotando também.
- Não é
não, não estou falando do senhor ali! Estou falando daquele novinho ali!! – disse
a senhora
- Isso
mesmo, ele é cego – disse a moça nova já sem paciência para essa discussão.
- Eu sei
disso. Conheço ele há muitos anos... Mas estou falando mesmo do novinho ali! –
contou a senhora tentando aliviar a discussão que percebeu que havia perdido.
Enquanto
a discussão já ia acabando, eu tentando escrever o mais rápido possível, e a
Thaís tentando enxergar as mulheres para as descrever, e ainda nós estávamos
rindo da situação que a velha rabugenta havia se metido.
-
Ah......... – a moça fez uma cara de desgosto para o cobrador concordar com ela
sobre o fato de a velha ser de fato muito rabugenta, enquanto ia passando pela
catraca. E o cobrador apenas observando a discussão que havia ocorrido ali bem
na sua frente (o que não deve ser muito raro, pois tem pessoas de todos os
tipos de personalidade no ônibus).
Como o
cobrador não queria encrencas para ele, ele vira e faz uma cara para a moça
assim, “agora não moça, sou apenas o cobrador”.
E a partir deste momento a mulher nova (a
moça) se sentou em um assento normal, o ônibus se silenciou de novo. E a
senhora desceu no terceiro ponto depois do ocorrido.
E para
mim e para Thaís não foi muito fácil fingir que não estávamos anotando aquela
situação, pois levantávamos do banco para ver as mulheres, e eu peguei o caderno
muito rápido para escrever. E como isso sim deve ser raro de um cobrador ver
acontecendo, dois jovens ali tentando anotar uma situação que para qualquer um
não mudaria nada em sua vida. Ele percebe que estávamos anotando o que estava
ocorrendo, e logo ele vira e fica nos encarando com aquela cara de mal (não
estou dizendo que os cobradores tem cara de maldosos, mas que no momento aquele
cobrador fez uma cara de mal).
E para
piorar nós estávamos sentados bem em frente a ele, e ele era grande e forte,
fingimos que não estávamos anotando nada, ele não comentou nada conosco, e no
fim o cobrador nos encarando não deu em nada.
Mas por
fim, vou dizer sobre o que realmente acho que está situação nos faz refletir.
Eu acho que está certíssimo a senhora exigir que os assentos preferenciais
sejam usados por quem necessita deles, mas não havia ninguém ali no
ônibus com essa necessidade e alguém poderia aproveitar para sentar ali. Tanto que, ao lado do assento preferencial, está colado um adesivo no vidro dizendo, "...ausentes pessoas nessas condições o uso é livro".
E com
essa reclamação desta senhora, eu percebo como cada vez mais as pessoas
estão rígidas e mais chatas com situações tão simples que ninguém precisa ser
tão certo desta forma. E também, a senhora estava reclamando de algo que ela nem sabia se estava correto ou não, e qual seria o
problema se alguém que não fosse necessitado sentasse ali? Não havia ninguém no
ônibus que fosse necessitado e precisasse sentar, aliás, a senhora estava
reclamando e estava sentadinha ali numa boa.
Enfim, infelizmente eu voltei a encontrar essa senhora outras vez no ônibus. E para variar, ela estava reclamando, mas dessa vez sobre outro assunto. Espero encontrar ela no ônibus apenas quieta, pois se ela reclamar...